Ao menos uma vez na vida, vire à esquerda.

Ei, você. É, você mesmo aí, com a cara na tela: alguma vez já se perguntou o que aconteceria se tivesse feito uma escolha diferente em algum momento da sua história? Se tivesse dobrado para a direita e não para a esquerda em um cruzamento em uma certa rua da sua vida? Se tivesse dito sim? Algum dia já notou a importância de todas essas escolhas, grandes ou pequenas, que fazemos na nossa história e nem nos damos conta do quanto elas mudam a nossa vida?

Como vossa mercê é capaz de notar, eu escrevo em um blog, então não é necessário salientar que eu não tenho mais muita coisa de importante para fazer da vida. Portanto, parei durante um mês – ah, como amo as férias – para avaliar como as minhas escolhas durante os últimos meses mudaram a minha vida, minha personalidade e o meu futuro. E eu juro, por tudo o que é mais sagrado – Rio Estige, de dedinho, você escolhe – que essa introspecção é uma das coisas que todo o ser humano precisa fazer alguma vez na vida. Tomarei nota de listar as restantes em outra oportunidade, aliás.

Dias introspectivos fazem com que você descubra coisas sobre si mesmo que achava que jamais saberia. Faz você descobrir uma lista completamente nova de defeitos e faz com que o valor dos seus amigos aumente a cada dia, já que você não sabe como essas criaturas estranhas conseguem aguentar a convivência com alguém como você. Aliás, com esse exercício, pude ver como me afastar de certos amigos me fez melhor. Como escolher falar com a pessoa da cadeira da esquerda e não da direita na primeira semana de aula definiu o meu grupo atual de amigos, me fazendo conhecer pessoas com as quais, em um ano, eu já não sei viver sem.

Vi como ficar calada em certas horas pode ser tão ruim quanto falar no momento errado, pois pode tirar a oportunidade de que belas e significativas palavras sejam ditas. Palavras que fariam falta e diferença depois. Como julgar alguém sem uma primeira conversa pode ser errôneo, fazendo ir pelos ares a chance de conhecer uma boa pessoa.

Oportunidades perdidas, palavras não ditas, conceitos errados, escolhas falhas. Será isso tudo? Disse antes que esse exercício faria com que uma lista completamente nova de defeitos surgisse, o que de fato acontece. A intenção, porém, não é levar sua auto-estima, inocente leitor, lá para o escuro fundo do poço, mas dar a você uma bela chance de auto-conhecimento. É importante que, acima de qualquer um, você saiba o quanto afeta a sua própria vida, o que você realmente está fazendo com ela, e que veja seus erros nesse processo. Não se arrependa de suas escolhas, afinal, como saber o errado se eu nunca o testei? É um argumento válido, desde que você aprenda com os seus erros para que não os cometa outra vez. Conhecer suas ações é conhecer sua personalidade, suas preferências e principalmente, conhecer a si mesmo.

Erros são aprendizados, e por mais clichê que isso soe, é verdade. Aliás, ouvi em alguma série que “clichês devem ser clichês por alguma razão, certo?”. Então, leitor estimado, aqui vai um conselho da sua pseudo-cronista intrometida: Tire um fim de semana. Dê uma saída. Caminhe no parque. Fique horas e horas deitado na cama respirando o ócio palpável no ar. Pense em quantas vezes a palavra “não” já saiu de sua boca nos últimos meses, em quantas oportunidades perdeu e em quantas esquinas já dobrou. Vai que, em uma delas, a chance da sua vida estava bem ali, sentada, no lado esquerdo da calçada.

Mas você resolveu ir pelo lado direito.

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